28.6.11

MUDANÇAS

DON'T CRY FOR ME:

só mudamos de endereço ;-)


Agora, entre AQUI! e seja mais feliz!


Até breve!

20.6.11

O Frango Assado Desmistificado


Vocês pensam que eu manjo muito de cozinha, mas a verdade é que não manjo. É isso ai, de chef de cozinha eu não tenho nada, não cresci na cozinha da minha avó, não aprendi a cozinhar quando ainda estava nas fraldas e bem...Meus pais não tem um restaurante. Não, não tem. E pasmem, ainda não sei fazer arroz.

Aprendi a cozinhar na marra, pra preencher meus fins de semanas com amigos e bagunça. Na minha casa, a gente come de tudo.  E todo dia é um desafio novo: como fazer uma carne? E o macarrão ( levei anos para aprender o ponto al dente). Cozinhar é batalha grandiosa, sangrenta, suculenta e divertida. Para alguns. Os verdadeiros guerreiros da cozinha, são aqueles que não temem um fogão pequeno, uma panela velha, porque as francesas são caras, a faca sem fio - que sempre corta tudo, em riste!

As vezes, os livros de receita são compreensíveis, as vezes, parecem que foram escritos pelos apóstolos de cristo e só transcendendo muito para compreender as complicadas peripécias...

E por isso eu tenho o como me lo como. Pra defender a cozinha de todos, a minha pelo menos. Uma cozinha pequena, daquelas sem luxos, que queima o dedo e a panela.

Então assumo mais uma coisa: Ontem, eu fiz o meu primeiro frango assado. Sim! Eu consegui! E aqui, com vocês, irei desmistificar a maravilhosa odisséia do Frango Assado. Porque durante 27 anos da minha vida, achei que frango assado só se comia na casa dos outros.

Peguem seus cadernos, apontem o lápis e vamos lá!



Primeira coisa: O Frango e todo o resto

Já pré-aqueça o forno a 220 graus.

Se você tiver tempo e paciência, compre um frango novo, bem gostoso, com a pele toda macia e clarinha, se não, vai no super e compre ele com aquelas embalagens, só cuidado: Se o frango tiver marcas de ' escaras', como se fossem machucados na pele, escolha outro! Todo mundo sabe que esses bichos tem uma condição meio sinistra de vida, e esses machucados significam que foram bem judiados.

Um frango de 2 kilos. Não tenha medo, ele não é tão grande assim e vai caber no seu forno.

Compre também um kilo de batata, aipo, manteiga, bacon da sadia em cubos, limão tahiti, um vinho branco pra beber e ervinhas finas se quiser.

Em casa, lave o bichano bem, por dentro e por fora, seque com um papel toalha . Passe uma buchinha na pele se precisar, pra tirar a pele mais mortinha de cima. Agora, muito cuidadosamente, introduza sua mão entre a pele e a carne do frango, você sentirá que a pele é bem resistente, então conte com isso e com delicadeza e firmeza, vá soltando a pele da carne, criando vãos no corpo da ave. Enfie os dedos perto das asas, das coxas... é feio e bonito ao  mesmo tempo. Tudo soltinho? Lave mais uma vez entre as peles pra tirar aquela gominha, seque de novo e por ora, reserve ele.















A Mistura:

A verdadeira mistura do frango é mais chique que a minha, a receita do Jamie Oliver, pede limão siciliano e presunto cru. Eu usei limão tahiti mesmo e bacon! Acontece que o limão siciliano nosso não chega aos pés do europeu e deixa a comida meio amarga e com gosto de poeira.

Tire a casca desse um limão com um cortador ou com a faca mesmo, pique ela bem pequena e reserve. Pegue 120 gramas de manteiga, já amolecida, junte com as cascas do limão, acrescente o bacon ( que vai estar já picadinho porque é aquele da Sadia, do potinho), eu sugiro acrescentar sal também e umas ervinhas tipo tomilho ou rosemary. Misture tudo até ficar uma pasta macia, reserve.

O Besuntamento

A parte mais sexy de todas,  pegue a sua manteiga, pegue seu frango e agora, encha a mão com a mistura e passe por dentro dele, entre a pele e a carne, coloque pedaços da mistura no frangos, esfregue por dentro das asas e das coxas, enfim, besunte-o. Ao final, passe também pelo 'oco' do corpo dele um tanto e pela pele por fora. Agora, pegue o limão que foi descascado, corte em quatro e introduza nele.

Só não falar pra dar um beijinho....

Assadeira e forno por 25 minutos.



Entre Atos:

Corte as batatas em cubos médios e cozinhe com sal por 10 minutos, só pra deixar ela mais macia,  tire da água e reserve. Corte também o aipo.

25 minutos depois...

Olhe para o seu frango, aquela manteiguinha toda ta derretida e o cheiro deve estar de mais....

Tire ele para fora do forno e com cuidado, coloque as batatas em volta e o aipo. Se tiver afim, faça uma cama das batatas e coloque o frango por cima. Como? Você vai descobrir com o seus próprios utensilhos.... Com uma colher, misture as batatas na gordura do frango.
Assadeira e mais 45 minutos. No meio disso tudo, uns 25 min depois, vale a pena com um garfo, furar a pele dele que vai estar meio crocante, furo por todos os lados, a manteiga que estava dentro vai escorrer pra fora e deixar tudo mais gostoso ainda.

Primeiros 25
Indo para os 45....






45 minutos depois...

Dá uma olhada, ele tá coradinho e crocante? As batatas estão com aquela aparência de crocância melada? Então tá pronto!

Deixe o frango descansar por 10 minutos no refratário que irá servir, enquanto isso, coloque a assadeira em cima do fogão, acrescente um tanto de vinho branco e deixe o molho reduzir um pouco, sirva a parte.


Arroz, farofa, banana frita...enfim, os acompanhamentos vai do humor da cozinheira!

Agora sim, mande um beijinho....

Posição do Frango Fugido...

8.6.11

Jantar de fibra

Ou como aproveitar a sua feira do dia.

Fui no mercado de pinheiros na segunda feira, e tive um treco. Sai comprando tudo que eu vi pela frente, de grãos secos, a frutas secas, de vegetais na promoção - sacolinhas a 1 real- a linguicinha caseira de porco (confesso que não foi a melhor compra)

Chegando em casa e com a geladeira completamente lotada de comida, tive que começar a agilizar algum preparo, antes que o formigão começasse a achar que eu sofro de alguma doença obsessivo compulsiva.

Pensando num jantar mais light, mas não muito porque ando ansiosa, decidi fazer os bolinhos de lentilha fritos, mini berinjelas recheadas e queijo Paneer - minha mais nova paixão depois dos sorvetes caseiros.

Bora lá:

Paneer:

Você já pensou que fazer queijo seria a coisa mais fácil do mundo? Então acredite, esse queijo fica pronto em 5 minutos, yes, 5 minutos. Para tanto, 2 litros de leite e uma taça de vinho de vinagre de vinho branco.

Ferva o leite, retire do fogo, acrescente o vinagre e mexa.

O leite irá coalhar rapidamente. Com um pano fino , eu usei aquele de cozinha listradinhos de laranja, coa o soro, coloque o queijo num potinho e esprema ele pra que fique no formato do pote. Guarde na geladeira ou não.

Eu acrescentei no bolinho de lentilha e no prato. Existem alguns molhos para se comer o paneer, mas eu ainda não pesquisei.


Bolinhos de Lentilha com molho de yogurte:


Cozinhe um copo de lentilha e quando estiver pronta, reserve.
Pegue um chumaço legal de coentro e pique bem picadinho, 1/4 de cebola, sal, pimenta e temperos afins.

No liquidificador bata as lentilhas sem água e a cebola, coloque num bowl e misture farelo de trigo ( oi?? é farelo, vamos dizer que eu esqueci de comprar a farinha de rosca), um ovo inteiro e um pouco de farinha branca, acrescente agora um pouco do seu Paneer. A consistência tem que ficar que nem bolinho de arroz, meio mole mas não desmanchando.
Óleo na frigideira, use uma colher para fazer as quenelles e coloque gentilmente no óleo para fritar.


O Molho

1/2 copo de yogurte
1/2 dedo de moça cortada rusticamente aka quase de qualquer jeito pra ficar com pedaços grande e suculentos
sal
azeite

Misture tudo e leve a mesa com os bolinhos.

Berinjelinhas recheadas

Elas são uma fofura, um charme só e ainda podem ser comidas inteiras, em grandes mordidas suculentas...

Com uma colher, retire o miolo das pequenas, deixando somente o barquinho das cascas, nelas, passe um tantico de sal e deixe de ponta cabeça num papel toalha para tirar o excesso de água.

Para o refogado da berinjela usaremos: 2 ovos cozidos, um punhado de azeitonas, farelo de trigo (poisé...), 2 pedaços dos tomates pelados de lata e um pouco de seu caldo, 1/2 cebola.

Refogue classicamente : miolo das berinjelas, cebolas, molho de tomate com os pedaços, as azeitonas bem picadas e os ovos idem. Deu o ponto? Acrescente um pouco de farelo para que a mistura tenha consistência. Recheie os barquinhos que já devem estar limpos do excesso de sal, queijo por cima para gratinar e forno até ficar com aquela cara de crocância...

Finalize com um filminho e um chá bem gostoso.

5.6.11

Risotto Roso com Filé

Ou a simplicidade está nos olhos de quem vê.

A gente tem a mania de achar que risotto é uma coisa demorada, complicada e cheias de técnicas obscuras.  A verdade é que se você quiser, seu risotto pode demorar uma vida para ficar pronto `a perfeição, agora, se você quer apenas 'comer um risotto honesto, saboroso, e descomplicado' é tudo muito mais fácil.
Normalmente sou contra caldos prontos, como os da knorr, pelo simples fato que um quadradinho daquele encurta sua vida em uns 100 anos toda vez que se usa ( muito sal, muita gordura e muito vai saber o que mais), nem o Atala me convence de que aquilo presta.

MAS,

Visualize o seguinte: você chega em casa as 9 da noite cansada, com fome e seu namorado te olha com aquela cara de 'oba, a comida chegou!', a geladeira vazia como  numa hecatombe  polar e tudo o que se passa pela sua cabeça é " quando eu for milionária quero uma cozinheira 24/7 na minha vida".

Então, no auge da  criatividade que fez o homem criar a roda, você vai fazer o seguinte:

Caldo knorr de vegetais para fazer o caldo do risotto
1 receita básica de risotto - vai ter naquele livrinho de receitas ali na estante
1/2 lata de tomate pelado

Quando o risotto estiver quase pronto, você acrescenta o tomate pelado, mexe mais um tanto - se tiver uns matinhos aromáticos em casa, vale colocar, eu coloquei tomilho- e logo deixa ele descansando uns 3 minutos.

Nos minutos finais  de preparo do risotto, frite dois bifinhos na manteiga. O segredo para ele ficar macio é simplesmente não apertar  na frigideira, desse jeito você consegue selar a carne e preservar os caldos por dentro.

Lindo né?

O sorvete, A sorveteira ou, mais um pouco sobre o amor à cozinha


Eu poderia fazer um poema para a minha sorveteira nova. Poderia fazer uma crônica só pra ela. Poderia fazer juras de amor e odes de páginas inteiras falando sobre o que ela é, o que ela representa e porque eu me apaixonei.

Mas vou ser breve, porque ninguém tem que lidar com a loucura dos outros assim tão de perto.

Só pra começar a conversar, a sorveteira da Cuisinart tem desgin "arrojado", é do tamanho de uma panela de pressão. Cores fortes, a minha é azul maravilha e uma pá "patenteada" que fica fixa, quem mexe é o pote, que possui água dentro, e é congelado para depois ser usado e dar a consistência aerada e macia ao sorvete.

Além de sorvete, essa belezura faz frozen yogurte, e digo mais, frozen yogurte de verdade e não tipo aqueles que saíram num artigo falando que de 10, 8 marcar do novo craze de SP não são yogurte ( eca!).

Ela também faz sorbet.

E deve fazer frozen marguerita - o que irei testar no próximo fim de semana de sol.

Aqui no Brasil, esse luxinho custa quase 400 reais, lá fora, 50 dolares. Fico com pena de todos estes orfãos do Brasil que ainda estão a anos luz de poder comprar uma dessas.


O Sorbet dos meus sonhos.

Meu primeiro filho que eu fiz com ela, foi assim, de tomar de joelhos, chorando lágrimas de alegria e prazer.

Sorbet de melão Cantaloup.

Quando abri o melão, um caldo espesso e adocicado saiu da fruta, um copo inteiro, de tão doce, na receita acrescentei somente mais 1 copo de açúcar - pede 1 e 1/2.
Depois é só colocar na sorveteira, 20 minutos e de volta para o freezer para dar mais consistência. Nada de ficar a cada duas horas revirando sorvete dentro do freezer.

O meu sorbet de cantaloupe ficou de mais. Doce na medida, de cor almiscarada e de um cremoso único. Outras frutas virão, algumas combinações mais exóticas que outras.

Não vejo a hora desse pote acabar <3

16.5.11

Os Pratos


Primeiro eles comeram o bolo e depois os bem-casados
Depois foi o lençol da cama e em seguida o colchão de casal
Dai comeram o frango com arroz e engoliram com raiva
a novela diária
E ai, foi a vez das lágrimas, digeridas sozinhas
Engoliram também alguns desaforos, junto com a mala
e mastigaram um fim de semana, na casa da sogra
Comeram os garfos e as facas
E só sobraram as palavras
essas, foram engolidas a seco, sem água.
Na mesa de jantar, entre um guardanapo e uma laranja
Engoliram o calor que restava
Só sobrou a azia
para ser engolida e a ressaca
Se olharam mudos
na geladeira o amor soturno
ficou esquecido para sempre
ao lado da garrafa de água.

10.5.11

A Rota das Especiarias

Na minha coluna este mês, o NA MESA tráz um artigo todo sobre temperos, lugares secretos e sabores perdidos de Nova York.

24.4.11

Picles de Pepino e batata doce grelhada.

Picles é uma delicia e se faz bem útil como complemento de um jantar puxado pro asiático.

Como sempre, as medida foram no olhomêtro, mas você achar a receita corretíssima para o Sunomono japonês em diversos sites.

Eu usei um pepino japonês inteiro e meia abobrinha, em rodelas finas num ralador. Na sequencia, misture `a porção 1/2 mão de sal e deixe descançando num coador - o excesso de água irá sair.  Depois de meia hora, tire o execesso do sal com água corrente e seque a porção com papel toalha, delicadamente! Reserve.

Numa panela para molho, acrescer uns 200 ml de vinagre de arroz, umas 3 colheres de café de açúcar e uma pitada generosa de sal, acrescente também umas fatias de gengibre. Quando levantar fervura, desligue o fogo e acrescente os pepinos, a abobrinha e se quiser picante, um tanto de dedo de  moça cortada fina. Sirva Geladinho.


A Batata Doce foi assim
:

cozida, cortada em quatro, temperada com óleo de gergelim e levemente grelhada na frigideira. Somente o suficiente para dar uma cor.

Sirva a batata com o picles acompanhando o macarrão.




Macarrão Pirata ou noodle de linguiça calabresa com castanha de caju e espinafre.

Dizem que copiar os mestres e a repetição levam a perfeição. Aprendi a escrever sonetos copiando, obsessivamente, as técnicas e métricas de Vinicius, assim acontece com tudo na vida. Aprendemos a andar e a falar, imitando.

Este macarrão é uma cópia tupiniquim de um prato que comi em NY, no restaurante Momofuku. Ingredientes a parte, só não ficou perfeito mesmo, porque o chef do restaurante não mora na minha cozinha.

Pra começar, fiz um caldo de carne ( o da maggi mesmo, sem dó nem piedade), o qual usei um pouco para dar uma temperada na carne da linguiça na frigideira, que foi aberta e todo o seu recheio tirado, usando só a carne. Foram 4 pedaços de linguiça.

Quando a linguiça estiver pronta, reserve. Cozinhe os noodles, que devem ser o de yakissoba, no caldo de carne, quando estiver pronto - seguindo as instruções da embalagem, aproveite a frigideira ainda com o caramelo da carninha, e frite o macarrão.

Num bowl, misture o macarrão com um pouco de óleo de gergelin, acrescente as castanhas de cajú caramelizadas ( compra-se pronta, achei a s minhas no Pão de Açúcar), a linguiça fritinha, um tanto de dedo de moça fresca e fatiada bem fininha e  por cima, jogue as folhas do espinafre e cebolinha picada.

Um splash de limão por cima dá a acidez perfeita.

Nada mais a declarar.



5.4.11

Vôngoles Flash

Sim, existe algo "impressionável", bonito e rápido.

São os deliciosos Vôngoles. Podem ser servidos de entradinha, de petisco e pasmem, é mais fácil que pipoca ( porque se não cuidar, ela queima).

E molho de vôngole é que nem receita de arroz, olhando assim parece tudo igual, mas cada um tem o seu jeitinho. Como ainda não sou uma especialista, eu comecei a brinca no nível um ainda.

Dá pra agradar duas bocas famintas : 500gr de vongôle na concha. Numa panela funda, refogue 1/2 cebola e um tomate. Jogue os vôngoles dentro da panela e junto, um splash de vinho. Sal. Pimenta  e.... Amor, claro.

Tampe a panela e espere as conchas se abrirem e o perfume que lembra um mar de sal banhado em molho de tomate invadir a sua cozinha.

Coloque num bowl e por cima o caldinho.

Acompanha bem um vinho branco gelado. Casa na praia  ou simplesmente, uma tarde chuvosa e inspirada como a de hoje.

Fiddle Fern

Fiddle Fern é, em outras palavras, broto de samambaia. Uma iguariazinha sazonal que não se acha em qualquer lugar, pelo menos em São Paulo. Eu sabia que existia e sabia que se comia, só não sabia a onde. Ontem, no mercado de Chelsea me deparei com uma porção delas.

Já li que se come em Minas Gerais e que também é meio toxica.

A mim além de bonita e exótica, me pareceu bem inofensiva


Jogue os brotinhos na água fervendo e deixe por 4 minutos. Em seguida, branqueie, colocando-os em água gelada. Refogue com manteiga e sal.

Tem gosto de grama e cara de planta de desenho animado.

vale a aventura.


Chickpeas. Your green eyes on me, are too sublime to resist.

27.3.11

A Festa do Indiano Apressado


 Um dia estava em Goiânia e como sempre estava me preparando para preparar um jantar. Normalmente não é problema arrancar da geladeira alguma inspiração, mas a ocasião era especial, um amigo de minha mãe que sempre comparece viria nesse dia, ele é vegetariano, o de verdade - não come frango nem peixe. E também já provou quase todas as minhas idéias meat free. O que me resta pra impressionar ele e sua nova namorada? A ocasião era especial, sempre é, na verdade. Minha mãe tem um livro de comida indiana bem despretensioso, com o qual aprendi a fazer o primeiro de muitos mango chutneys. E de lá foi que as outras receitas saíram.

Tudo muito simples de fazer, inclusive o pão Naan, que vai em outro post porque não me lembro agora a receita.


Bolinhos Fritos de Lentilha.

Para que complicar se o gostoso é fazer tudo mais fácil, né? Os bolinhos de lentilha me impressionaram pela leveza, facilidade e sabor. Pode-se variar o grão, caso dê na telha. O de bico, feijão, favas...

Deixe de molho as lentilhas por 1 ou 2 horas, bla bla bla. Depois, cozinhe numa panela de pressão ou numa panela aberta, se você não tiver apressado. Uns 30 minutos no máximo ( na de pressão), eu até deixaria as lentilhas mais Al Dente, porém não cruas, pra dar uma textura ao morder o bolinho -isso funciona bem na panela convencional.

Lentilhas prontas, ponha num processador de alimentos ou liquidificador ( cuidado donas de casa com o liquidificador de plástico, se a lentilha estiver muito quente, pode derreter o seu aparelho!) até que vire uma pasta. Acrescente  um punhado de coentro fresco ( uma mão cheia), 2 colheres de coco ralado, sal, pimenta e um punhadinho de Dedo-de-moça, gengibre ralado a gosto e para dar a liga, 1 xícara de  farinha de pão e 1 ovo batido.  Deixe gelar por 30 minutos.


Faça a mistura e molde bolinhos bite-size.

Coloque óleo suficiente na panela para cobrir os bolinhos, não precisa exagerar e colocar um litro de óleo - como eu mesma já fiz, inúmeras vezes- de 3 a 4 dedos de óleo dá pro gasto. Somente então, quando o óleo estiver quente, vc irá passar cada bolinho na farinha de trigo, para empanar e imediatamente por no óleo quente. Acontece que se você quiser "facilitar muito" e deixar todos os bolinhos empanados, eles irão absorver a farinha e você terá que empanar novamente,  o que deixará o bolinho com gosto de farinha crua - argh!

Já tá douradinho? Reserve eles numa bandeja com bastante papel toalha.

Molho: se fizer só os bolinhos para servir, o molho é o seguinte: 1/2 xícara de yogurte, um fio de azeite, um punhado de coentro, sal, pimenta e amor.

Mas, caso sirva Raita ( salada de pepinho com yogurte) não faça o molho.

Raita:


A Raita é o tipo da receita 1, 2, 3 :

1- corte os pepinos : cubinhos, raladinho, compridinhos, rodelas.
2- tempere um bowl de yogurte com azeite, sal e pimenta, um punhado de menta e outro de coentro fresco picadinho .Yogurte suficiente para cobrir a porção de pepino.
3- acrescente o pepino, mescle os ingredientes e reserve na geladeira até a hora de servir.


O Meu Mango Chutney esse merece um post só pra ele.

Naan


Esse pão é da hora, muito gostosinho e dá para impressionar os amigos para o jantar, só tem um porém: preprar a massa antes de tudo e só assar na hora, o preparo é um pouco demorado e periga de deixar os amigos morrendo de fome esperando pelo pão ficar pronto....Sabe, aconteceu isso com uma amiga da minha amiga...


Essa receitinha eu vou passar passo a passo mesmo.

4 xic. de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
sal
1 ovo batido
6 colheres de sopa de iogurte natural
9 colheres de chá de manteiga ou ghee derretida ( manteiga clarificada)
cerca de 1 xícara  de leite
3 colheres de chá  de sementes de papoula

Peneire a farinha, o fermento e o bicarbonato numa tigela. Tempere com sal.

Junte: ovo iogurte e 6 colheres de chá de manteiga. Misture aos poucos leite suficiente para uma massa macia. Cubra a tigela com um pano úmido e deixe descansar por 2 horas em um local aquecido (dentro do armário, por exemplo, porque em SP é difícil mesmo!). Preaqueça o forno a 200 graus. Sove a massa em uma superfície limpa e enfarinhada por 2-3 minutos - aqui vai uma dica valiosa : Sempre que sovamos a massa, quando ela começa  a ficar grudenta a gente acha que não vai dar certo e põe mais farinha. NAO FACA ISSO. Apenas continue sovando, com amor, paciência, logo logo o glúten da massa vai dar a liga certa e ela automaticamente vai ficando mais homogênea, lisa e fofa. Mas ps: essas cosias não acontecem da noite para o dia, né? treine, treine, treine.

Depois disso tudo, reparta a massa em 8 pedaços e  reserve.

Abra cada bola em um circulo depois puxe para fazer um formato oval. Pincele com água e ponha na assadeira untada, com o lado molhado para baixo. Unte com a manteiga derretida o lado de cima e salpique com a papoula. Asse de 8-10 minutos até ficar bem dourado.

Coma com a Raita e com o Chutney.

26.3.11

Traída Pelo Desejo


A vida é feita de escolhas, cada uma delas é um caminho, uma estrada que invariavelmente terminará num ponto, seja ele bom ou ruim, o destino final é imutável. Lá esta você, cansado, suado, exausto, olhando para sua escolha que deverá agora se tornar o começo de um novo caminho até o resultado final da próxima escolha. E por assim vai, ad infinitum  até o dia de sua morte. A  única coisa que não podemos escolher.

Enquanto isso, ando pelas ruas de Los Angeles com minha amiga de olhar sonhador e tagarela, Melody é seu nome. Seu tipo não é muito harmonioso, mas ela fez a escolha de sua vida baseada na escolha de seus pais e lá esta ela, como uma engenheira de som, em seus quase trintas anos, colhendo os frutos de seu nome, que muito provavelmente foi também escolhido a dedos.

Eu sou a Paloma, não sou nenhum artista famosa, nem tenho uma linha de perfumes. Mas eu cozinho bem, troco hospedagem na casa de meus amigos por deliciosas sopinhas na cama, saladas de macarrão, invencionices com produtos roubados das prateleiras de seus roomates e outros mimos calóricos. Tudo isso para não ficar num hostel, tomando o café insosso da manhã com uma multidão de adolescentes viajantes e emaconhados e estando a beira de um ataque de piolhos - eles começam no inverno e nascem no verão, no caso, no calor, quando volto ao meu país. Ainda bem que tenho escolha.

Primeiro meus pais escolheram jornalismo como minha profissão, depois eu escolhi ser cozinheira, gourmet,  para impressionar. Será  que se eu me chamasse Chablis, Muniere, Parmantier meu destino seria diferente? Eu estaria no topo do mundo, com minha doma bem passada, faca em riste, sodomizando os ouvidos  e os nervos de meus cozinheiros na linha de produção aos berros, rica e feliz, com meu nome bordado em rosa e dourado : Chef Apple. Não sei, isso já seria uma outra história.

Mas lá estamos nós, Paloma e Melody, andando pela noite procurando um restaurante para comermos, depois de um show sonolento e interminável,  o que ela me disse ser um "second dinner", não quis ser controversa e dizer que, depois de comer uma  fatia de pizza do tamanho de Manhattan eu não estava mais com fome. Mas isto não cabia a mim, Melody estava feliz pois queria me levar num ótimo restaurante e eu, mais uma vez, não tive escolha a não ser concordar. Afinal, gourmets não temem, não sofrem, não choram diante de um desafio como este. Eu devia mudar meu nome para Bel, de Belly.

Então, chegamos ao lugar. Um restaurante de ar charmoso e provinciano, com toalhas plásticas de temas frugais, flores de plástico pelo teto, meia luz ambiente - não me recordo bem dos detalhes, devido a enorme quantidade de vinho que eu tomei durante a longa jornada pelas várias paradas que fizemos na noite. Havia um bar central e pessoas rindo e falando alto, a la americana. Pizzas rolando da cozinha para o salão me dizia que estávamos novamente no ponto de partida. Olhei desolada para Melody, que estava ansiosa me contando que ali, a comida era great. Bom, se era great,  quais seriam as opções, decidida que eu estava de evitar outra rodada de pizzas estrombólicas de sabores duvidosos como frango com molho barbecue ou presunto com jalapeños. Sou paulista, tradicionalista e levemente enjoadinha.

Como uma boa anfitriã de nosso passeio,  Melody me entregou o  cardápio e sem titubear me disse que, já que quem entendia de comida ali era eu, esta era a oportunidade de impressioná-la já que ela sempre pedia o que a casa tinha como prato principal. Olhei para ela e completei a frase mentalmente, ah, as f*** pizzas. Você sabe, força do hábito, ela disse sorrindo.

Garçom, mais um vinho por favor. E uma coca, pra acompanhar Melody que estava bebendo água e eu não queria parecer que, talvez, eu fosse tão propensa a amar  assim  o álcool. Comecei a olhar para o cardápio de  letras miúdas e amarelas num fundo laranja, torcendo para que algo rapidamente se sobressaísse e eu me livrasse  de tamanha responsabilidade.  Ela colocou em minhas mãos o destino de nosso jantar, e ali, eu era o Deus da mesa e ela, a mortal faminta.

Saladas, ovos, pastas, frango, frango, carne, pasta, salada, pizza, pizza, pizza, pães, uma profusão de entradas do tamanho de um pirex de natal. Uma miscelânea tão confusa de opções que eu comecei a ficar exausta e tive que me render a segunda taça de vinho até que  Melody decidiu que sim, queria uma entrada e uma salada e... What else Paloma?  Paloma não queria nada! Como escolher aquilo que não desejo? Como salivar diante de tantas opções se tudo o que eu queria naquele momento era trocar meu vinho por uma gin tonica, correr pra casa e terminar aquela tortura? Eu já estava sucumbindo a dor que os grandes homens da nossa história devem ter sentido diante dessa pergunta: Now What, Master? Make a choice or die.

E então, entorpecida pela bebida, exausta pela busca que parecia interminável, encontrei o que me parecia ser uma opção entre a prancha e a guilhotina, um prato de Mussels and Frites, ou em termos mais simples, mexilhão ao molho branco com batatas fritas. Algo assim não teria erro, ela iria amar a escolha, tão diferente que ela nunca havia percebido este prato no cardápio, eu fingiria que havia comido mas na verdade discretamente apenas molhava a ponta da batata no molho - grosso, salgado, bruto-, distraidamente, engolia alguns mexilhões as pressas e voilá.  Outra taça de vinho, por favor. Missão mais que comprima, Captain.  A conta, por favor e lets go!

Não achem que a sua companhia era desagradável e todo o passeio insuportável. O que realmente me exauriu foi estar na berlinda, na margem, ser impulsionada entre não ter escolha como não poder desplugar o violão e roubar o microfone no show e ter que impressionar a mais que amável Melody com meus conhecimentos adquiridos por inúmeras viagens e sabores que eu já havia experimentado.

Voltando para casa, tropeço na beira da cama e me entrego ao profundo sono dos embriagados. Com a barriga pra cima sonho com enormes pizzas de frango e saduiches de bacon, chicken wings e guaca-moles. Acordo suada no meio da madrugada com a boca seca e sem conseguir respirar. No escuro, busco o meu sorine, busco água, passo a mão nos olhos e sinto tudo meio estranho. Sinto a barriga doer, sinto minha mão formigar, sinto meu peito chiar. Será que é agora? Será que estou a beira da morte? Cheguei ao fim de meus dias, de minhas escolhas, da minha estrada? Meu peito explode em ansiedade e levanto, ainda meio bêbada procurando as escadas e por fim o banheiro.

Os segundos que se passaram entre o ascender das luzes e minha imagem no espelho foram eternos. Aos poucos meu rosto foi se formando no reflexo enquanto meus olhos se acostumavam com a claridade, e eu vi. E eu me vi, mas não me reconheci. O lado direito de meu lábio parecia um clitóris gigante. Minhas bochechas doíam ao toque, minha testa e meu olho direito estavam tão inchado que eu podia ver a minha pele hiper-extendida. O que sobrou do meu outro olho foi uma fenda obscena cheia de muco. Eu era um mexilhão. Eu era o que eu comi. Eu era o resultado de minha escolha. O pesadelo era real.  Eu não era deus e sim um monstro deformado e ressaqueado.

Enquanto tentava respirar, tocava minha cara com cuidado, tentando entender que catso tinha acontecido comigo. E logo lembrei do mexilhão, do molho, do mexilhão, do vinho, do mexilhão... Flashes da noite se passaram por minha cabeça enquanto limpava meus olhos remelentos e abria a boca a fim de fazer mais alguns testes. Meu estômago revirava com gases e temi colapsar. E pensei que se eu fosse o mestre, meus seguidores estavam agora se rebelando contra mim. Logo eu, que amo viver, que amo comer e que nunca tive uma reação alérgica por comida. Salvo o dia que insisti em comer  um misto quente duvidoso na beira da estrada na Bahia.

Voltei para a cama me sentindo uma derrotada. Sentindo o peso das escolhas em minhas costas, ou melhor, em minha cara. Vivendo o que todo gourmet  teme. A criação contra o criador. A dor  mostrava a força do tapa do destino em meu rosto e eu não podia fazer nada. Deitei em minha cama esperando o sono voltar e desejando que no dia seguinte, aquilo não tivesse passado de uma bad trip momentânea. A lição estava dada: Fui traída pelo desejo, ou melhor pela falta dele. "Cuidado com o que deseja, pois ele pode se tornar realidade". Eu desejei encurtar o caminho da escolha com os mexilhões, e agora, mesmo que eu não quisesse, eu havia me tornado um deles.

Talvez eu devesse mudar de nome.









26.2.11

Sob a sombra das laranjeiras



Agora estou no Cindy's, um café  sem estilo com cara de café de filme americano. De fundo o rádio toca Maryah Carey e à minha frente, pessoas devoram seus sanduíches de presunto com queijo e cole slaw - uma salada de repolho que fede a peixe, pelo menos aqui. As poltronas são laranja e o tapete verde esconde a sujeira que eu ainda vejo se viro meu rosto para o vão da porta da cozinha ao meu lado. Flores de plástico estão penduradas nas esquinas do teto, e como sugestão do dia, pratos asiáticos escritos em folha de papel colada sobre o bar - os novos donos do local são uma família de chineses/coreanos/tailandeses.

Estou em Los Angeles. E tudo aqui soa distante de mim.

Bebo meu café com todo cuidado, pois isto é tudo que me pertence. Nessa cidade, me sinto desconectada, vejo as pessoas  perto de mim mas é como se estivessem envolvidas numa fina camada de plástico: eu posso ouvi-las, mas não consigo senti-las.
Estou sempre viajando e nunca tive medo de estar só em lugar desconhecido. Mas por alguma razão inexplicável, aqui nesta cidade, me sinto mais estranha que nunca. A onde moro é distante do centro, colaborando ainda mais para o meu afastamento. As ruas ficam vazias a noite, e o bar mais próximo, The Black Boar, se parece com uma caixa de concreto medieval onde cervejas mais pra ordinárias que espetaculares são servidas sem nenhum petisco, e o vinho da casa tem gosto de água com sabão. Na minha casa não tem internet, na esquina um Taco Bells me lembra da decadência do país e o café mais charmoso é o StarBucks.  A diversão então é pensar e pensar e andar.

E quando ando pelo bairro, me sinto mais feliz. As casas tem jardim externo - muito diferente da apavorada São Paulo, onde as pessoas escondem suas vidas atrás de muros de concreto : quanto mais rico o bairro, mais alto o muro. O solo da Califórnia é forte e nutritivo, aqui tudo cresce. As plantas são altas, as flores se abrem em cachos enormes. As casa são bem cuidadas, idem seus jardins. Na varanda, vasinhos de flores coloridas cercam as muretas brancas. No gramado da calçada, cada um cria a sua própria versão de jardim montando mosaicos com maçãs, mini abóboras e laranjeiras.

Ah, as laranjeiras. Tão robustas e cheias como nunca vi. As frutas se penduram bojudas nos galhos frágeis e balançam morosamente ao vento. Cada casa tem um pé de laranjeira, ou limoeiro, ou toranjas que desprendem um cheiro agridoce e terroso. E quando olho pra elas, me sinto em casa. Me sinto como uma laranja e quero também estar amontoada com os meus sob a sombra que consola aqueles que estão sem pátria.

 Retribuo com um sorriso as lembranças que elas me geram. Lembrança da fazenda do meu avô, eu e minha prima correndo e descobrindo o pomar atrás da sede. Catando laranjas e mexericas ou então, espremendo elas sob nossas botinas até sentir o cheiro viscoso de podridão. Dentro de mim, a sensação de sentar no tronco do pé de seriguela, quase morto e doente, e tentar chupar alguma fruta que ainda insiste em nascer. Minha avó descascando laranjas e fazendo um furo no centro para que a gente possa chupar seu caldo e depois comer o bagaço, com amor e paciência, ela descascou tantas laranjas quanto posso me lembrar, por tantos verões, fomos alimentadas no fim de toda  tarde por essa fruta, e ríamos e conversávamos e tudo ao redor era terra, pasto e felicidade.

No Eldorado do mundo, as laranjas são o ouro soberano. Aqui, mesmo na mais corrompida cidade, onde tudo ganha vida dentro do cinema mas por fora, o concreto e a multitude de luzes coloridas criam um cenário exótico e estranho, as laranjas crescem puras, refletindo o sol da Califórnia em sua casca lisa, como se num eterno estado de êxtase.

Cansada, me sento sob a sombra de uma delas, humildemente colho um fruto e com a força dos dentes rompo a sua pele. O ácido queima a minha boca e entra em meus olhos, na minha camisa, lágrimas e suco escorrem em direção ao chão. Não estou mais só.